quarta-feira, 15 de junho de 2011

A difícil – e deliciosa – missão de noticiar tudo que for possível

Texto publicado no Jornal Tribuna do Norte, de Natal, seção No Meu Tempo de Fera, caderno Vestibular, em maio de 2011

Já lá se vão bons 15 anos que num certo dia de janeiro, sol a pino, estava eu em frente ao prédio da TVU, na UFRN, quando anunciaram meu nome entre os aprovados no vestibular para o curso de Jornalismo. Telefonei para minha mãe, que mora em Currais Novos, e a única palavra que conseguir dizer foi: “passei”. Ela sabia do meu esforço, resultante também da frustação de, no ano anterior, ter chegado bem perto (eu fique de fora por uma vaga, imagine!) da tão sonhada vontade de tornar-se estudante universitário. E comemoramos.

Uma vez “lá dentro”, como se diz no dia-a-dia dos cursinhos, um mundo de expectativas, algumas delas pouco a pouco transformadas em “Ilusões Perdidas”, para usar o título do livro de um dos jornalistas mais importantes de todos os tempos, o francês Honoré de Balzac. Faltava muita coisa na nossa UFRN, principalmente prédios, espaço físico para aprendermos o ofício. Hoje fico extremamente feliz em ver a qualidade do laboratório de radio e TV construído bem atrás da TV Universitária, um verdadeiro parque de diversões para as “focas” de agora darem vazão à criatividade.

E a minha querida turma, composta de alguns nomes que hoje fazem o orgulho do jornalismo potiguar, aprendeu logo cedo a aliar as teorias com a prática, buscando estágios em redações. Eu comecei a trabalhar num jornal semanal de nome pretencioso: “O Estado do Rio Grande do Norte”. Teve vida curta, apenas seis meses, e deixou muitas saudades ao ser fechado. Depois, passei a integrar os quadros de aluno-aprendiz de uma das maiores escolas de jornalismo do RN: a mesma TVU (citada aqui já por três vezes, me desculpe o leitor!) onde grandes mestres como Diana Nunes, Marinês Navarro, Conceição Silva, Carlinhos Lyra e Neuza Meller me deram lições que levo para toda vida.

Outra grande escola pela qual passei foi a assessoria de comunicação (outra área importante de trabalho para o jornalista) da Fundação Cultural Capitania das Artes, à época dirigida pelo professor de Semiótica Eduardo Pinto, um dos grandes mestres do curso de jornalismo da UFRN, responsável também pela construção do laboratório que citei acima. Ali entendi como as notícias surgem longe da redação, aprendi a fazer sozinho um jornal de divulgação do órgão que marcou época na cidade e, como a internet estava começando a virar uma ferramenta importante, criamos o que talvez seja a primeira newslleter do jornalismo potiguar.

Formado, resolvi fazer o Curso Abril de Jornalismo, uma iniciativa da Editora Abril, em São Paulo. Fui o primeiro potiguar a frequentar o curso em 18 anos de história, outra experiência maravilhosa que me preparou para o que viria a fazer nos próximos oito anos na capital paulista: trabalhar em revistas. Passei pela Veja, Nova Escola, Recreio, AnaMaria e convivi com pessoas incríveis, muitas das quais admirava quando ainda nem pensava em ser jornalista. Rodei por esse Brasil quase todo em busca de histórias que só Deus duvida.

Fechado esse ciclo, me aventurei por terras africanas e morei durante seis meses em Luanda, capital de Angola, ajudando aquele povo tão feliz e apaixonado pelo Brasil a ter o seu primeiro jornal de economia e finanças. Foi outra vivência que o jornalismo me proporcionou, talvez impossível em qualquer outra profissão, pois era minha obrigação reportar tudo aquilo que via, ouvia, descobria. Angola, como se diz lá, “marca” e desejo em breve reencontrar aquele país tão maravilhoso.

De volta à nossa terra, comecei um novo ciclo, dessa vez com comunicação pública, seguida de um breve retorno à Editora Abril e logo em seguida a direção de jornalismo da TV Ponta Negra, onde trabalhei até fevereiro deste ano. Dez anos depois de começar a jornada profissional – e 15 depois do período de “fera – estou empreendendo uma nova jornada, dessa vez na área da internet. Por outro lado, vou voltar a viver a emoção de ser “fera”, cursando Gestão de Políticas Públicas, na mesma UFRN que me acolheu no longínquo 1996. Um recomeço, com direito a vestibular, provas, emoção de ter o nome divulgado na TVU… tudo isso que você vai sentir em janeiro de 2012.

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