Na última edição da revista RV Versailles, da qual sou
colunista há um ano, escrevi um texto intitulado “Chiques & Chatas”,
inspirado numa história ouvida numa mesa de restaurante. No referido texto,
elaborado com o único propósito de divertir e despertar nas pessoas o que os
franceses chamam de “savoir-fair”,
uma frase chamou a atenção de alguns leitores da cidade de Caicó. Era a
seguinte: “Uma coisa chique: falar baixo,
em qualquer ocasião, porque você não é de Caicó”.
Infelizmente, alguns leitores interpretaram o texto com o
sentido que ele nunca teve ao ser elaborado: o de chiste para com aquela cidade
e aquele povo tão queridos por mim pelos motivos que explicito mais adiante. O que
a frase gongórica quer dizer – e muitos leitores, inclusive de Caicó,
perceberam e riram com isso – é exatamente o contrário: por ser de Caicó, a
pessoa pode falar alto sem parecer deselegante. Tem essa liberdade, eu incluso.
Falar alto é um traço cultural do povo não só de lá e, em momento algum, isso pode
ser visto como demérito. A quem leu
e deu outra interpretação, sinto-me na obrigação de pedir sinceras desculpas e
pedir, também, que dê uma segunda chance ao texto.
Para quem não me conhece, sou um seridoense da cidade de
Currais Novos e, desde pequeno, frequento a cidade de
Caicó, onde moram todos os meus parentes. Entre eles e entre diversoa amigos,
aliás, a passagem do texto repercutiu com o intuito original que teve: provocar
muitas risadas, despertar a capacidade de se autoespelhar e praticar até o
velho sentimento sadio presente em todos os povos, de todos os lugares do
mundo: fazer piada de si próprio – e de cidades vizinhas.
No dia do lançamento da revista RV Versailles, que aliás
trata seus colunistas com extremo respeito e democracia de opiniões, recebi
dezenas de parabéns de caicoenses que entenderam o sentido leve e o propósito
de fazer rir do texto.
Gostaria de lembrar que, recentemente, em duas outras
publicações potiguares importantes, a revista Preá e a revista Living For,
há dois textos meus – escritos muitos meses antes deste – extremamente
elogiosos à cidade, seu povo e suas tradições, que conheço de perto por laços
familiares e sei verdadeiramente dos seus valores. O primeiro chama-se “O que nos restou de civilização”, sobre
os valores morais e culturais do Seridó; e o segundo, “Tradição
e Fé”, sobre o brilho e
esplendor da Festa de Santana, comemorada agora em julho. Aconselho a leitura destes dois textos.
Sempre que posso, faço meu trabalho baseado num
propósito: divulgar os valores da
nossa terra, do nosso povo, do nosso RN. Seja ele o fato da nossa comida,
artesanato e religiosidade serem únicos ou, sim, falarmos alto. Quem me conhece
sabe que isso é verdadeiro.
Quem me conhece também sabe que no âmbito nacional e até
internacional procuro, por meio da minha profissão de jornalista, enaltecer os
valores do povo do Seridó – no qual me incluo – por onde ando, trabalho e
escrevo.
De novo, peço desculpas se em algum momento ofendi, na
referida coluna da revista RV Versailles, alguns leitores de Caicó.
Atenciosamente,
Paulo Araújo
Jornalista
3 comentários:
Apoiado!
Opa!! Se é assim está ótimo..
Avisarei aos meus amigos então que estou autorizada a falar alto, já que sou de Caicó kkkkk.
Em todo caso, parabéns pela iniciativa de mostrar a real intenção do texto.
Ildete
..."por ser de Caicó, a pessoa pode falar alto sem parecer deselegante."
Francamente, a justificativa ficou pior doque o dito antes:“Uma coisa chique: falar baixo, em qualquer ocasião, porque você não é de Caicó”.
É, muitas vezes um pedido de desculpa fica mais difícil ainda,quando o que falamos é realmente o que pensamos, daí temos que inventar uma desculpa esfarrapada.Mas...
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